quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Realmente importa?



Ir ao cinema, recentemente, tem-se tornado um jogo de paciência. Até pouco tempo atrás, qualquer falatório logo era suprimido por ríspidos pedidos de silêncio. Hoje, porém, as coisas andam diferentes: falar ao longo do filme, mesmo que apenas interagindo com os acontecimentos na tela, tornou-se uma prática mais do que comum. E o falatório não é a única interrupção a um mínimo de concentração em relação ao que se passa na tela. Intermináveis pacotes de bala, pipoca, McDonald's e até Subway misturam-se ao filme.

Parece discurso de um velho resignado a considerar tudo o que é atual prontamente inferior ao estado passado, muitos vão achar. Ser apocalíptico, porém, não combina comigo: vamos aos fatos. Antigamente, havia um abismo entre a experiência cinematográfica e a de assistir a um filme em casa. Atualmente, Tvs de plasma, LCD, home-theaters, DVDs, Blue-rays, HD-DVDs, computadores, DVDs portáteis (inclusive os instalados em automóveis) entre tantos outros aparelhos tornaram a experiência audiovisual banal. Ela pode acontecer em qualquer lugar e em qualquer circunstância.

Não à toa, a ida ao cinema pareça a tantos algo tão banal quanto qualquer uma dessas atividades. Prova disso são os avisos que precedem os trailers; se antes davam conta de informar saídas de emergência e de pedir o desligamento de celulares, agora incluem invariavelmente um pedido de silêncio durante a sessão. Os problemas, porém, não acabam por aí. Em 2007, ainda que o país tenha recebido 135 novas salas de cinema, o público foi 2,9% menor do que em 2006. O cinema brasileiro, por outro lado, aumentou sua participação no público, ampliando de 10,9% para 11,1%.

Preços estratosféricos de ingressos e um ano de péssimos blockbusters talvez expliquem a situação. Ou talvez, quem saiba, o cinema esteja deixando de ser uma experiência de preferência para a última geração, acostumada, cada vez mais, a situações interativas proporcionadas por jogos eletrônicos, internet e celulares. Nesse sentido, o crescimento da produção de filmes em 3D e de salas preparadas para projeções desse tipo, que permite uma forma primitiva de interação - a de tentar alcançar a forma que se projeta à nossa frente - podem indicar que uma discussão mais profunda seja necessária.

Se é o fim do cinema tal qual o conhecemos? Pergunte ao teatro o que ele acha dessa indagação. Pessoalmente, fico com apenas uma afirmação: as coisas voltaram a esquentar.


3 comentários:

Lucas Benedecti disse...

Fabio,

gostei do blog novo!

O cinema atual é uma complicação. O que acha de salas menores? Acho que falta em Fortaleza. Ficamos rendidos aos blockbusters, muitas vezes.

E a educaçao dentro da sala de cinema é algo do passado, parece piada.

abraço,

Lucas Benedecti

Anônimo disse...

bonjour fabio!c'est le eric le professeur de français!felicitations pour ton blog!tu es un homme de goût!
quand tu parles de la banalisation de voir un film au cinéma, je suis totalement d'accord avec toi!mais je ne pense pas que ça a seulement à voir avec l'apparition des home theaters, plasmas et compagnie!le niveau des fims actuels (et des arts en général) est de plus en plus faible.on assiste constamment à du recyclage!les acteurs ne ressemblent plus à des héros mais á des mannequins metroseuels!les actrices ont perdu leur sex appeal!steve mac queen a été remplacé par justin timberlake et sofia lorren par angelina jolie.la bravoure et la sensualité ont été remplacées par l'ennui!
un film n'est plus un événement!difficilement je regarderai brokeback mountain ou matrix trois fois dans ma vie.au contraire,la semaine dernière j'ai regardé pour la centième fois "papillon"avec steve macqueen et dustin hoffman!!!

Anônimo disse...

Parei de ir ao cinema depois que percebi que eu era incapaz de rir em filmes sérios, como muitos fazem, ou gritar e participar do filme ao vivo como se a sala de projeção fosse um teatro:

Tom Hanks gritando pelo único amigo, Wilson, em Náufrago, quando este se perdeu nas águas. Não gostei do filme mas aqueles gritos foram desesperadores e fiquei com um sapo atravessado na garganta.

As pessoas gargalhavam no cinema.
Foi a partir daí que não fui mais.